IMAGENS DA GUERRA

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EVENTOS

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

PARA MEDITAR


O artigo que se segue chegou ao meu conhecimento via internet e é da autoria, segundo informam, do senhor Coronel Vitor Santos.

O artigo vale pelo que vale, mas não deixa de ser elucidativo do tratamento que nós, VETERANOS DE GUERRA, sofremos.

O autor pertence, ou pertenceu aos Quadros das Forças Armadas.

E nós? Miúdos de vinte anos, a quem "roubaram" a mocidade, que em muitas vezes em três meses eram preparados para a guerra, o que foi que os políticos já nos deram?

Assistência médica ? Onde?

E os nossos conjuges? Que direitos têm ou tiveram?

Será que os "quadros" das F.A. se não tivessem o recrutamento obrigatório teriam sido tão heróis quanto foram?

E no presente, qual o papel da Liga dos Combatentes?

Julgo que será pertinente fazer estas perguntas.

José Fialho

Presidente da delagação de Alcobaça da A.P.V.G.

UMA VERGONHA
1.
Especialistas ingleses e norte-arnericanos estudaram comparativarnente o esforço das
Nações envolvidas ern vários conflitos em simultâneo, pnncipalnente no que respeita à
gestão desses mesmos conflitos , nos campos da logística geral , do pessoal , das economias que as suportam e dos resultados obtidos.
Assim , chegaram à conclusão que em todo o Mundo só havia 2 Paises que manfiveram 3
Teatros de Operações em simultâneo; a poderosa Grii-Bretanha, com frentes na Malásia ( a 9.300 Kms de 1948 a 1960), no Quénia (a 5.700 Kms. de 1952 a 1956) , e em Chipre ( a
3.000 Kms. de 1954 a 1959) e o pequenissimo Portugal, com frentes na Guine [ a 3.400 Kms),
Angola ( a 7.300 Kms ) e Moçambique ( a 10.3oo Kms.) de 1961 a 1974 ( 13 anos seguidos).
Esfes especialistas chegaram à conclusão que Portugal, dadas as premissas económicas, as dificuldades logisticars para abastecer as 3 frentes , bem como a sua distancia , a
vastidão dos territórios em causa , e a enormidade das suas fronteiras, foi aquele que
melhores resultados obteve.
Consideraram pot último, que as perfomances obtidas por Portugal, se devem sobretudo
à capacidade de adaptação e sofrimento dos seus recursos humanos , e à sobrecarga que
foi possível exigir a um grupo reduzido de quadros dos 3 Ramos das Forças Armadas,
comissão atrás de comissão, com intervalos exíguos de recuperação física e psicológica.
Isto são observadores internacionais a afirmá-lo.
Conheci em Lisboa oficiais americanos com duas comiss6es no Vietnam. Só que ambos
com 3 meses em cada comissão , intervalados por períodos de descanss de outros 3
meses no Hawaii.
Todos os que serviram a Pátria e principarmente as gerações de Oficiais, Sargentos e
Praças dos 3 Ramos das Forças Armadas que serviram durante 13 anos na Guerra do
Ultramar , nos 3 Teatros de Operações0, só pelo fact0 de aguentarem este esforço
sobrehumano que se reflecte necessariamente em debilidades de saúde precosses,
mazelas para toda a vida , invalidez total ou parcial, e morte , tudo ao serviço da Pátria ,
merecem o reconhecimento da Nação, que jamais lhes foi dado.


2.
Em todo o Mundo civilizado, e não só, em Paises Ricos, cidadãos protagonistas dos
grandes conflitos e cafástrofes com eles relacionados, vencedores ou vencidos,
receberam e recebem por parte dos seus Governos , tratamentos diferenciados do comum
dos cidadãos , sobretudo nos capitulos sociais da assistência na doença, na educação,
na velhice , e na morte, como pleito de homenagem da Nação àqueles que lutaram pela
Pátria, com exposição da própria vida.
Todos os que vestiram a farda da Grã-Bretanha, França, Rússia ,Alemanha, Itália e Japão
têm tratamento diferenciado. Idem para a PoIónia e Europa de Leste, bem como para os
Brasileiros que constituiram o Corpo Expedicionário destacado na Europa.
Idem para os Malaios, Australianos, Filipinos ,Neo-zelandezes e soldados profissionais
indianos.
Nos EUA a sua poderosissíma "Veterans War " não depende de nenhum Secretário de Estado, nem do Congress0 , depende directamente do Presidente dos EUA , com quem
despacha quinzenalmente. Esta prerrogativa referendada por toda uma Nação, permite
que todos aqueles que deram a vida pela Pátria repousem em cemitérios espalhados por
todo o Mundo, duma grandiosidade, beleza e arranjo impares, ou todos aqueles que a
servlram , tenham assistência médica e medicamentosa para eles e família, condições especiais de acessso a Universidades , bolsas de estudo, e outros beneficios sociais durante toda a vida.
Esta excessão gue o povo americano concedeu a este tipo de cidadãos é motivo de
orgulho de todos os americanos.
0 tratamento priviligiado que todo o Mundo concedeu aos cidadãos que serviram a Pátria
em combates onde a mesma esteve empenhada, é sufragado por leis normalmente
votadas por unanimidade.
Também os civis que ficaram sujeitos aos bombardeamentos, quer em lnglaterra, quer
em Dresden , quer em Hiroshima e Nagasaki, têm tratemneto diferenciado.
Conheço de perto o Irão. Até o irão dá tratamento autónomo e especifico aos cidadãos
que combateram na recente Guerra Irão-Iraque, onde morreram 1 milhão de irarianos.
Até Paises da África terceiro mundista e subdesenvolvida, como o Quénia, atribuíu aos
ex-maus-maus, esquemas de protecção social diferentes dos outros cidadãos.
Em todo o Mundo , menos em Portugal.
No meu Pais, os Talhões de Combatebtes dos vários cemitérios, abandonados, as
centenas de cemitérios espalhados pela Guiné, Angola, Moçambique, Índia e Timor,
abandonados estão, quando não, profanados. É simplesmente confrangedor ver o estado de degradação onde se chegou. parece que a única coisa que está apresentável é o monumento do Bom Sucesso-Torre de Belém, possivelmente porque está á vista e porque é limpo uma vez por ano para a cerimónia pública que lá se realiza. Até grande parte dos monumentos municipais aos Mortos da Guerra do Ultramar vão ficando abandonados.
No meu País , a pouco e pouco, foi-se retirando a dignidade devida aos que combateram
pela Pátria, abandonando os seus mortos, e retirando as poucas "migalhas" que ainda
tinham diferentes do comum dos cidadãos, a assistência médica e medicamentosa, para
ele e conjuge, alinhando-os "devidamente" por baixo.
ATÉ NlSTO CONSEGUIMOS SER DIFERENTES DE TODOS OS OUTROS.
No meu País, os politicos confundem dum modo ignorante ou acintoso , militares com
polícias e funcionários públicos ( sem desprimor para as profissões de policias e
funcionários públicos, bem entendido).
Por ignorância ou leviandade os politicos permanentemente esquecem que o estatuto dos
militares não lhes permite, nem o direito de manifestação. nem de associação sindical, além de ser o único que obriga o cidadiio a dar a vida pela Pátria.
Até na 1.ª Republica, onde grassava a indisciplina generalizada, a falta de autoridade, o
parlamentarismo balofo, as permanentes dificuldades financeiras e as constantes crises
económicas, não foram esquecidos todos aqueles que foram mandados combater pela
Pátria na 1.ª Guerra Mundial (1914-1918), decisão política muito dificil, mas patriótica, pois
tinha a ver corn a defesa estratégica das possessões ultramarinas.
Foram escassos 18 meses o tempo que durou a Guerra para oss portugueses, mas todos aqueles que foram mobilizados. e honraram Portugal, tiveram medidas de apoio social suplementares diferentes de fodos os outros cidadãos portugueses, além duma recepção ímpar por todo o Governo da Nação em ambiente de Grande Festividade Nacional-
Naquela altura os políticos portugueses dignificaram a sua função e daqueles que
combateram pela Pátria.
Foram criados Talhões de Combatentes em vários cemitérios públicos, à custa e manutenção do Estado, foram construídos monumentos grandiosos em memória dos que deram a vida pela Pátria, foi concebido urn Panteão Nacional para o Soldado Desconhecido na Sala do Capitulo do Mosteiro da Batalha com Guarda de Honra permamnte , 24 sobre 24 horas, foram criadas pensões especiais para os mutilados, doentes e gaseados, foram criadas condições especiais de assistência médica e medicamentosa para os militares e familias nos Hospitais Militares, numa altura em que ainda não havia assistência social generalizada como há hoje, foi criado um Lar especifico para acolher a terceira idade destes militares em Runa ( é importante relembrar que em 1918 se decidiu receber e tratar os jovens, com 20 anss em 1918, quando estes tivessem
mais de 65 anos de idade), e por ultimo foi criada a Liga dss Combatentes que de certo modo corporizava todo este apoio especial aos combatentes, diferente de todos os outros cidadãos, e era o seu porta-voz junto das instâncias govemamentais (uma especie de "Veteran's War " à portuguesa).
Foi toda uma Nação, com os politicos à frente, que deu tudo o que tinha àqueles que combateram pela Patria , apesar da situação económics desesperada e de quase bancarrota.
Na altura seguimos naturalmente o exemplo das demais nações.
Agora somos oa únicos que não seguem os exemplos generalizados do tratamento diferenciado aos que serviram a Pátria em combate.
É SIMPLESMENTE UMA VERGONHA.
Haveria muito mais para dizer, para chamar a atenção deste Ministro da Defesa e deste Primeiro-Ministro, ambos possivelmente com carências de referências desta índole nos meios onde se costumam movimentar, sobretudo no que respeita à comparação dos vencimentos, regalias e mordomias dos que expuseram ou deram a vida pela Pátria e aqueles, que antes pelo contrário, sempre fugiram a essa obrigação.
Vitor Santos
Corond Reformado
4 Comissões de serviço no Ultramar.
10 anos de Trópicos.
Deficiente das Forças Armadas, por doença adquirida e agravada em Campanha.
Quase 70 anos de idade.
Sem acumulação de cargos
Sem Seguro de Saúde pago pelo estado, ou E.P..
Sem direito a Subsídio de Reinserção
Sem cartão de crédito dourado sem limite de despesas a expensas do Estado
Sem filhos empregados no Estado por conhecimentos pessoais
Sem o direito a reformas precoces de deputado ou autarca
Sem reformas precoces e escandalosas estilo Banco de Portugal ou CGD
Sem contratos que prevêm indemnizações chorudas
Sem direito a ficar com os carros de borla e que o estado pagou em leasing
Sem fazer contratos de avenças chorudos como os que se fazem com gabinetes de Advogados e Economistas
Sem Pensão de Reforma acima do ordenado do Presidente da República
Com filhos desempregados



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